Description
Quartos compartilhados se desenrolam em uma das famosas ruas de São Paulo. Enquanto automóveis e ônibus transitavam, pedestres disputavam cada centímetro da calçada. Além disso, grandes edifícios comprimiam comércios, lanchonetes e botecos. Postes de energia e placas de trânsito compunham a flora urbana, conectados por cipós de cobre carregados de energia elétrica.
No entanto, um fenômeno particular se escondia no ecossistema da Rua Consolação: o hostel. Sem luxo ou luxúria, este local não era um hotel, tampouco um motel. Contudo, era acessível e desprovido de mordomias, abrigando quaisquer tipos de visitantes sob uma premissa: compartilhar a estadia nos quartos, salas, banheiros e cozinha.
A fachada da casa, comum, apresentava duas janelas reforçadas com grades e uma porta de ferro estreita, pintada em tom de amarelo-vivo. O letreiro luminoso e vibrante anunciava um ambiente moderno e colorido, contrastando com a mesmice cinza que o cercava. Ao abrir a porta de entrada, uma escada conduzia à recepção, situada no primeiro andar da casa. Nesse espaço, uma mesa de madeira equipada com computador e impressora decorava o ambiente, juntamente com cadernos e folhas de papel espalhados em desordem.
Além disso, um balcão delimitava o bar, que era abastecido com cachaças, gins, runs e vinhos de marcas reconhecidas. Nos armários da parede, com portas de vidro, estavam guardadas taças e pequenos copos de shot, ilustrados com bandeiras de países ou pinturas regionais. Nos bancos à frente do balcão, por outro lado, os hóspedes que apreciavam um bom drink se reuniam para se divertir com um copo na mão.
Sinopse de Quartos Compartilhados
Os contos de Quartos Compartilhados e Histórias Privadas revelam os segredos dos hóspedes e da jovem recepcionista de um hostel, que, pouco a pouco, começa a se conhecer ao observar e interagir com os viajantes.
Nos diferentes cômodos do hostel, as tramas dos personagens se desenvolvem. Nos quartos, por exemplo, espiamos a vulnerabilidade — e certa cafonice — dos relacionamentos afetivos. Os banheiros, por sua vez, apresentam os sentimentos mais torpes, em analogia às escatologias humanas. Na sala, acompanhamos a vida em comunidade, enquanto na cozinha, as tramas ganham sabores, cores e paixões.
A cidade de São Paulo, no verão, serve de plano de fundo e reflete, com seus excessos climáticos e desigualdades, a intensidade e ambiguidade dos personagens. De fato, variando entre humor e drama, os contos são como os hóspedes: imprevisíveis e passageiros.
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